Ninguém gosta que, quando na estrada, os carros que circulam atrás do seu se colam à sua traseira. Isto é ainda pior quando circula de noite em zonas não iluminadas ou mal iluminadas ou até a utilização de máximos e a luz nos encadeia, não é? Mas será isto legal? Qual é a distância de segurança que devemos manter do carro que circula à nossa frente?
O que diz o Código da Estrada?
De acordo com as leis que regem a circulação automóvel em Portugal plasmadas no Código da Estrada, o seu Artigo 18º diz-nos que, em relação à distância de segurança, devemos:
– Manter uma distância que seja suficientemente grande para que o veículo que circula na nossa retaguarda, em caso de diminuição brusca de velocidade ou paragem, possa evitar a colisão;
– Manter distância lateral suficientemente grande para que evitemos acidentes ou colisões contra os veículos que circulem na mesma faixa de rodagem, no mesmo sentido ou em sentido oposto;
– Manter uma distância lateral de, pelo menos, 1,5 metros entre o nosso veículo e um velocípede que circule na mesma faixa de rodagem.
Para além destas disposições, o Código da Estrada expõe uma exceção no seu Artigo 40º:
– Veículos que circulem em marcha lenta fora das localidades têm a obrigação de manter uma distância de segurança nunca inferior a 50 metros para o veículo que o precede permitindo, deste modo, a sua ultrapassagem em segurança.
Quando estas regras essenciais à segurança automóvel não são cumpridas, podemos ser penalizados com uma coima que pode ir dos 60 aos 300 euros, sem aqui incluirmos as potenciais agravantes que decorrem de um acidente, como a perda de pontos na carta ou até a inibição de conduzir.
Porquê manter uma distância de segurança?
A distância de segurança é uma regra do mais elementar bom senso e segurança automóvel que evita colisões ou outro tipo de acidentes.
Ao cumprirmos com a distância de segurança, vamos ter, no caso de uma súbita redução de velocidade ou paragem de quem nos precede ou antecede, tempo suficiente para reagirmos e imobilizar o nosso automóvel em segurança.
Entre as situações em que a distância de segurança é essencial, o IMT (Instituto de Mobilidade e Transportes) especifica:
• Engarrafamentos/trânsito lento: pela especificidade destas situações, na maior parte dos casos é impossível manter a distância de segurança levando a que ocorram com frequência toques no carro da frente ou, em último caso, choques em cadeia.
• Paragem brusca: De modo a evitar toques que ocorrem graças a paragens bruscas em autoestradas ou vias rápidas, o IMT aconselha a que desaceleremos gradualmente de modo a fazer uma aproximação o mais suave possível para o último carro.
• Fraca visibilidade e cansaço: quando chove intensamente, está nevoeiro ou circulamos em zonas mal iluminadas, existe a tentação de nos colarmos ao carro que circula à nossa frente. Contudo, isto representa um grande perigo, pelo que deve manter a distância de segurança e ligar as luzes de estrada corretas.
Para além da importância de manter a distância de segurança em condições de fraca visibilidade, é igualmente importante mantê-la quando nos sentimos cansados e a velocidade de reação, em virtude disso, diminui.
Como referimos, manter a distância de segurança é importante para podermos reagir atempadamente a uma travagem ou paragem repentina. Neste momento poderá estar a pensar que, com a evolução dos sistemas de travagem e dos apoios à condução que, atualmente, automóveis de última geração como os novos modelos Mitsubishi trazem, torna-se desnecessário o cumprimento da distância de segurança.
Apesar de carros como o Mitsubishi Space Star, Eclipse Cross PHEV e ASX virem equipados com, por exemplo, um sistema de Mitigação de Colisão Frontal (FCM) que funciona como uma espécie de “par de olhos suplementar” que monitoriza, através de câmaras e de um radar laser, a estrada à nossa frente e nos alerta e trava imediatamente assim que deteta uma colisão frontal iminente, ou do sistema Ultrassónico de Mitigação de Aceleração Acidental (UMS) que emite um sinal sonoro acompanhado de uma mensagem de aviso e do controlo da aceleração assim que deteta um obstáculo nas proximidades, circular na estrada com segurança não depende só de nós.
Para se perceber a importância da distância de segurança, vejamos o que acontece quando circulamos a velocidades superiores a 60kms/h.
Por exemplo, no caso de circularmos a 90kms/h, a distância de reação será de 27 metros, a distância de travagem de 40,5 metros e a distância de paragem 67,5 metros.
São distâncias enormes que levam a que não só se mantenha uma distância de segurança para o veículo que circula à nossa frente, mas também duplicar ou triplicar essa distância. Para termo de comparação, se circularmos a 50kms/h, a distância de reação será de 15 metros, a distância de travagem 12,5 metros (quase quatro vezes menor do que a 90kms/h e a distância de paragem 27,5 metros, um terço do que o verificado a 90kms/h).
Como podemos ver por estes cálculos, mantenha sempre a segurança de modo a proteger-se a si e aos seus.